25.12.06
O Sonho de Natal do pequeno Francisquinho
Corria o décimo terceiro dia de Abril do ano da graça de 1917.
Era um dia como outro qualquer, numa aldeia provinciana portugues. Francisqinho preparavam-se para levar como habitualmente as cabras da familia a pastar pelos montes. Ía acompanhado pelas suas duas primas. Levavam também as ovelhas.

Dia de trabalho árduo como todos os outros, Jacinta. Lúcia e Fancisquinho íam passar o dia inteiro no meio dos campos, sobre chuva intensa, guarnecido da chuva levavam o farnel que serviria para o dia inteiro.

Mas não era um dia qualquer, pelo menos para o Francisquinho. Acabara de comprar uma revista com umas mulheres desnudadas. Passou 3 meses a 3 meses e 14 dias a ir aos domingos à tasquinha do Sr. Alberto a engraxar os sapatos ao homens mais velhos e assim ganhar uns dinheiros para a revista. Tinha-a visto no dia de natal e desde esse dia que sonhou em ter aquele pedaço de papel com as figuras das mulheres na mão.

Escondeu a revista debaixo da camisa, não a podia levar para casa sob pena de levar uma valente sova. Já para não falar do escândalo que o acompanharia para toda a vida. Decidiu guardar numa gruta qualquer. Já tinha tudo planeado desde que sonhou em possuir esta preciosidade no Natal passado.

Francisquinho estava impaciente, estava a chover e não dava para desfolhar a revista. Caminharam com os animais em direcção à Azinheira da Chuva. Francisquinho e as primas chamavam-lhe Azinheira da Chuva porque tinha lá perto uma gruta e sempre que chovia desviavam-se do local habitual da pastagem e íam para essa gruta. Abrigarem-se da intempérie e jogavam ao pião.

Lá foram os três percorrer os caminhos da região com os animais. Chegados à gruta Francisquinho leva os animais para junto de um arbusto e deixa-os aí. Normalmente são bem comportados e nunca se dispersam muito, mantendo-se em rebanho. Mas é preciso uma vigilãncia constante não vá o diabo tece-las.

Entrando na gruta as Francisca e Jacinta estranharam o comportamento do primo. Não estava para grandes bricandeiras e enfiou-se na parte mais profunda da gruta, que as meninas tinham medo de se chegar que eram muito escuras.

Francisquinho bem que tentava, mas não conseguia ver nada da revista, estava demasiado escuro. Perante a insistência do chamamento e ameaça de lá irem por parte das primas e talvez pelas suas vozes estridentes que soavam a metal a ser cortado. Francisquinho lá voltou para junto das primas. Mas demasiado frustrado para conseguir jogar ao pião. Tanto trabalho e agora não conseguia ver a revista. Os pensamentos menos correctos afloravam-lhe a cabeça.

Numa das muitas vezesque tinha que ir ver o gado, lembrou-se de levar a revista e espreitar cá fora. Sabia que a ía molhar, mas tinha que a arriscar. Foi buscar a revista, escondeu-a por dentro da camisa e lá saíu em direcção ao rebanho. Esconde-se entre o arbusto e abre a revista e vê um desenho estranho, um homem e uma mulher de joelhos. Repara nos pormenores, mas a chuva já começava a molhar demasiado a revista e decide guardá-la para não a estragar. Trata rapidamente do gado e regressa à gruta.

Vai guardar a revista e perante o aborrecimento de ter ali as primas a estragar-lhes a possibilidade de ver a revista propõem às primas que se fossem embora. Estas não acharam piada à brincadeira. Sabiam que tinham que tratar do gado e que ele sozinho não conseguia guiar a manada toda.

Francisquinho mantinha-se inquieto. As suas primas não o largavam e ele sentia-se sufocado pela imagem. Até que a certa altura decidiu experimentar com as primas. Tentou convence-las a fazerem o mesmo que a outra mulher estava a fazer na revista. Disse-lhes se queriam meter algo doce á boca. As primas chatearam-se e não acharam muita piada. Desde que se conhecem como gente que tinham aprendido a não terem qualquer contacto com rapazes, a não ser os tradicionalmente convencionados como de bons costumes, claro está. Embora Jacinta soubesse que se podesse fazer com homens mais velhos, já que o seu pai a tinha ensinado a fazer e ela até se tinha portado muito bem na aprendizagem, segundo a avaliação do seu pai, claro está. Que a tinha ensinado a jogar e a não dizer nada a ninguem, Porque era assim que deus queria e se o seu pai lhe ensinara assim é porque era verdade
Mas Francisquinho sempre fora elogiado na aldeia e nunca foi dado como mentiroso, mesmo que na idade dele por vezes isso acontecesse, ele sempre se pautou por um comportamento exemplar aos olhos do padre e das vizinhas que nunca lhe pouparam elogios.

A curiosidade e a sua tendência habitual para ser a mais gulosa da família, levou Lúcia a querer experimentar. Foi o seu primeiro momento de fraqueza perante as investidas masculinas, embora o tenha feito de uma forma inocênte. Mais tarde viria a fraquejar repetidamente perante as investidas masculinas, sempre de uma forma inocente claro está.
Ao fazer o que Francisquinho mandava reparou que afinal não era doce, tinha-a enganado. Protestou como uma espingarda o faz quando lhe puxam o nariz e disse:
- Isto não é doce!
- Demora um bocadinho. Retorquiu como se já tivesse a resposta na ponta da língua. Estava a gostar. Passado algum tempo encheu-se de não sentir algo doce e com a sua voz de roda de comboio quando os travões lhe apertam a cabeça, disse:
- Não é doce, não quero mais.
- Cala-te e continua a chupar. Respondeu-lhe de uma forma um pouco bruta.
- Es um bruto! Dizendo isto, Lúcia levantou-se e foi ver o gado.

No regresso a casa, Francisquinho, que era um bruto, convenceu as primas a não contar a ninguem. Ofereceu-lhes até o resto de carne fumada que tinha deixado. Lúcia aceitou e prometeu que não contava a ninguem.

No fundo, Lúcia não estava chateada. A sua revolta prendia-se mais com o facto de não ser doce como francisquinho tinha prometido. No fundo até tinha achado um jogo engraçado e nos dias seguintes de uma forma ardilosa, mas muito discreta, lá se foi ajoelhando e repetindo o jogo, a troco de mais carne fumada ou pão com mel.

Este foi o último dia de chuva na primavera. Algo que estava a aborrecer Francisquinho, que tinha guardada a revista e não conseguia passar por lá. Ainda pensou ir á socapa, mas demoraria demasiado tempo e dariam pela sua falta.

Exactamente um mês depois de ter comprado a revista e a ter deixado na gruta da Azinheira da chuva. O Sol estava como um padre para as freitas. Sempre presente e demasiado intenso.

De facto era o dia mais quente do ano até então. Mas Francisquinho, farto de ver a prima só ajoelhada e querendo experimentar outras coisas, que os homens das metrópoles fazem, convenceu as primas a passar pela Azinheira da chuva. Lúcia e Jacinta nunca entenderam bem e não estavam dispostas a ir por esse caminho. Afinal, era mais longo e não estava a chuver. Além disso o sol estava forte e não calhava muito bem andar muito tempo. Mas perante a insistencia a insistência e a promessa de Francisquinho em ensinar-lhes um jogo novo, lá seguiram caminho até à azinheira da chuva.

O longo caminho sob o sol abrasadorestava a tornar-se insuportável para as 3 crianaças. Já começava a doer a cabeça a Jacinta e Lúcia, Francisquinho, por seu lado, mantinha-se extraordináriamente fresco e empolgado debaixo da sua boina preta que pertencera ao seu avô e tinha duas listas amarelas de lado, fazendo lembrar algum generál do exercito, mas que na verdade significava apenas que se tinha rompido e a sua avó feito o remendado necessário.

Não foi certamente do sol, mas fruto da distracção natural das crianças que levou Jacinta a tropeçar no ribeiro seco e cair. Ribeiro seco que diga-se de passagem, não o era no inverno. Mas que nesta altura do ano estava mais seco que o espírito de um abade.

Jacinta bateu com a cabeça no chão, mas para lá do aparato não teve grande consequência. Lúcia apressou-se a ajudar a prima, enquanto Francisquinho, sentado no patamat mais alto da altivez, apenas fez um comentário jocoso “Caíste de cabeça, deixa lá, quando fores maior vais começar a cair de costas”.

Chegados ao local, Francisquinho tratou logo de entreter as primas. Não foi difícil porque já estavam fartas de andar. Ficaram portanto as primas sentadas no chão a fazer desenhos na terra seca, desenhavam o mar, que tinham visto duas vezes e montanhas com nuvens e o sol.

Francisquinho foi à gruta buscar a revista e depois refugiou-se num arbusto, perto de uma azinheira. Desembrulou a revista do pano que tinha deixado para a proteger e começou a deliciar-se. As imagens eram bem melhores do que ele conseguia imaginar. Mulheres nuas, mulheres nuas com homens nus. Enfim, essas coisas todas que lhe fizeram abrir a braguilha e começar a mexer na sua masculinidade fálica cada vez mais eréctil.

Passaram-se assim duas horas e Jacinta e Lúcia já tinham acabado com a água. Agora começavam a ficar com sede e queriam ir ao riacho mais próximo, que ainda ficava a uns bons 30 miutos de caminho. Mas Francisco não estava disposto a partir. Já tinha visto todas as imagens, mas começava agora a invntar histórias para as fotos. Dialogos que ele pensavapoderem estar naquelas letras que ele não sabia ler, mas se havia algo que o pequeno Francisco conseguia fazer, era usar a imaginação.
Num movimento ocasional, Francisca olhou para a azinheira e bem lá em cima avistou uma luz. Era o sol que lhe bateu nos olhos e obrigou-a a fechar de repente. Tolhida pelo intenso sol e pela falta de água que a começava a desideratar, Francisca não teve a clarividência suficiente para identificar a estrela, centro do nosso sistema solar. Assim, e num grito de espanto esclamou:
- É um helicóptero.

Lucia olhou imediatamente para o alto da azinheira, também ela foi obrigada a fechar os olhos pelo brilho intenso do sol. Mas ao contrário da sua prima, não achou que fosse um helicópetero e como um martelo reprrendo a cabeça de um prego por esta se encontrar fora da madeira, disparou:
- Que disparate, toda a gente sabe que os helicópteros só serão inventados em 1938 por Igor Sikorsky. Alías, ele ainda está em está em viagem para a América para receber asilo do governo americano.
- Mas há 10 anos atrás os irmãos Breguét levantaram 5 cm do solo por cerca de 30 segundos. Retorquiu de forma pouco convincente Jacinta.
- mas achas que aquilo são 5 cm do solo?
- Não.
Foi este “não” seco que inquietou Lúcia e Jacinta. Que luz seria aquela por detras da árvore. O temor das duas fez-las olharem para o arbusto, nesse instante Lúcia solta um grito trémulo pelo pavor daquela vil luz.
– Francisco. O que é aquilo?

Francisquinho que estava demasiado concentrado a inventar as suas histórias não conseguiu responder direito. Para se ser mais preciso, nem se deu ao trabalho de ver o que era. Apenas conseguiu reagir falando os seus pensamentos em voz alta, num tom bastante mais agudo que o habitual, devido ao êxtase do momento.

Assim, e sem tirar os olhos da imagem que retratava uma mulher nua, apenas com um chicote e dois homens presos, respondeu às primas com a história que lhe transbordava o pensamento:
- Vocês viram o inferno seus pecadores, para se salvarem, vão ter que demonstrar muita devoção.

Continuaram a olhar para a luz brilhante que vinha por cima da azinheira. Mas desta vez estavam ainda mais confusas. Não se aperceberam que era a voz de Francisquinho que tinha respondido e julgaram tratar-se daquela luz. Como qualquer criança, Lúcia era uma menina curiosa e voltou a perguntar:
- Que quereis.

Francisquinho, agora a ver a imagem de um homem de pé que parecia falar para duas raparigas louras ajoelhadas diante dele fazende o mesmo que Lúcia lhe fazia. Falou num tom mais elevado:
- Quando vocês viram iluminada à noite, saibam que é o sinal. Entrem, ou serão castigadas e perseguidas. Vai ser aqui a vossa consagração russas.

Lúcia e Jacinta calaram-se num misto de fascínio e medo. Francisquinho mudou a página e começou a mexer a mão com mais força, não se importando sequer se as primas poderiam notar ou não. Vindo mesmo a soltar um gemido mais alto que Lúcia tratou logo de perguntar a Jacinta o que é que tinham dito. Jacinta disse apenas que “deve ser outro segredo” e ficaram assim sem conhecer este segredo.
Lúcia não desistiu e perguntou à luz intensa
- Quem es tu?

Naquele momento Francisquinho vira a página e vê a imagem de uma senhora nua muita parecida com Fátima, a filha do Manél Talhante. Ao imaginar-se ali com a filha do Manél, solta um enorme grito “Fátima. Minha nossa senhora” no preciso momento em que suja as mãos com um orgasmo. Mais tarde sua prima Lúcia iría dar-lhe muitos mais, mas este era apenas o seu primeiro.

Não se sabendo se pelo delírio causado pelo excesso de sol ou se por algum som mais familiar causado por Francisquinho, o que é certo é que nesse instante Jacinta ajoelha-se e diz:
- Pai!

Moral da história: Como podem ver, sempre que um conjunto de crianças se levantar de madrugada e passar o dia inteiro a trabalhar, levando o dia todo com um sol abrasador na cabeça, cheias de fome e sede. Acrditem em tudo o que elas dizem, reparem como estas crianças conseguiram prever que 21 anos depois iria surgir o helicópetero. Por isso já sabem, por muito fome, sede, cansaço e sol na moleirinha, acreditem sempre nas crianças.

PSd : Estão a pensar que isto não é verdadeiro? Claro que não é verdadeiro. Reparem, como as crianças sabiam do asilo politico de Igoe Sikorsky? A não ser que 3 dias antes o Dr. Alberto estivesse a ler e contar as novidadas que vinam no jornal “O Comércio do Porto” à porta da Igreja antes da missa. O que convenhamos, não é nada provável. As crianças não o poderiam saber.
Nobody's fault but mine died @ 12/25/2006 05:27:00 da manhã
4 Stairway to Heaven:
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