20.9.06
Não há mal que sempre dure, nem bem que sempre perdure

Sentias-te amarrada e presa numa escuridão asfixiante. Olhavas para um lado e para o outro e vias... nada, escurudão apenas, pensaste, para quê arriscar? sim, até te sentias bem naquele sítio. Ninguem te via, ninguem sabia como estavas é certo, mas também ninguem se iria meter contigo, magoar-te, prejudicar-te.
Não estavas bem, mas tinhas medo de ficar pior, de encontrar dragões e ciclopes fora das tuas masmorras escuras.
mas eis que um dia, enquanto te agaixavas nas tuas tormentas, ouves o chilrar de um pássaro. No deserto da escuridão, abres os teus olhos cintilantes de sabor a menta e pensas: - É um pássaro verde, não me pode fazer mal.
Soltas então o teu instinto de guerreira e lutadora. Arrancas as amarras invisíveis da insegurança e decides enfrentar a sorte. "Quero a felicidade" pensas tu.
Dás um saltinho. Gostas. Dás outro saltinho. Aterras em cima de uma poçinha de esperança que se encontrava no chão. Sorris. Depois de tanto tempo de dor e desespero embrenhados na tua cara, como parasitas que gostavam de te manter sob sua escravidão. O sorriso apodera-se da tua cara, a tua chama interior renasce dentro de ti. Agora es calor, es fogo. Irradias poder. Acende-se uma tocha ao teu lado.
Continuas a sorrir e esperançada em busca da felicidade.
Vais aos saltinhos pelas grutas e labirintos, à medida que vais passando as tochas vão-se acendendo. Já cansada, vislumbras uma luz, brilhante, com reflexos verdes.
Começas a correr e a dar saltinhos, chegas à saída e vês um pássaro enorme, verde. vais-te habituando à luz e começas a ver um campo verde, com muitas flores e algumas árvores.
Dizes - É bonito. O pássaro exclama - Claro que é K, é a vida. A vida é bonita. Queres a felicidade, mas já a tens.
Exaltas-te e respondes que estavas fraca, triste, desesperada.
O pássaro verde pede para subires para cima dele e leva-te para as montanhas. Viajas por entres cumes com cheiro a mirra, hortelã, framboesa, salva, e vales com aspecto de enormes abacates cortados. Até que avistas uma montanha enorme. Parecia o cone de um gelado e realmente até tinha um cheiro a doce, a morangos.
Aterras bem lá no cume, o enorme pássaro azul despede-se com um beijo cor de violeta bem no meio da tua testa e voa para longe.
Começas e vislumbrar umas criaturas transparentes, vês-lhes as formas, sentes os cheiros a feno e alecrim. - Uaaaiii mãe, são os anjos de Avalon. Exclamas excitada.
Em uníssono e numa voz de orquestra de cordas, por entre harpas e violinas exclam - És forte, corajosa, ambiciosa e bela. Tens uma vida digna de uma grande lutadora, porque tu própria es uma grande lutadora. Enfrentas tudo e todos e no fim acabas por sair com o teu sorriso. Esse teu sorriso que ilumina o mundo e quem te rodeia. Mas ao mesmo tempo es teimosa e deixas-te afectar pelo que não deves. Julgam-te pela aparência, pelo teu modo de ser, pela tua alegria, pela tua energia? Tens que saber ultrapassar isso. passar por cima de quem vive à custa do mal dos outros. Podes achar que todas as pessoas são boas. Mas não deves tentar transformar más pessoas em boas.
Vou-te contar uma história. Uma vez uma mulher olhou para um monte e viu uma serpente congelada. Subiu o monte e foi ter com ela, arranjou paus e fez uma fogueira. A serpente começou a descongelar. Como estava mais perto do fogo, a cabeça foi a primeira a descongelar. Ainda presa a serpente pedia à mulher que descongelasse o resto. Assim o fez.
Depois de descongelada a mulher pegou na serpente e levou-a para longe do gelo e tratou dela. Até que ao ir-se embora, a serpente mordeu a mulher. Esta, já ao desfalecer e a caminho de uma morte anúnciada pergunta à serpente.
- Salvei-te da morte, tratei-te e trouxe-te para sítio seguro. Porque fizeste isto a quem só te quis bem.
- Tu sabias que eu era uma serpente... faz pare da minha natureza.
Os anjos de Avalon aproximam-se de ti e dizem-te ao ouvido "ao mar o que é do mar" e entregam-te um enorme e brilhante buzio desaparecendo depois, deixando apenas uma ligeira brisa de névoa.
Encostas o buzio ao teu ouvido, ele é bem maior que a tua orelha, sentes o cantar das sereias. Adoras... Exclamas: - Lindo! E encostas os teus lábios de mel e dás um beijo no buzio. Lá de dentro começam a sair borboletas, dezenas de borboletas, centenas de borboletas, milhares de borboletas. De todos os tamanhos, com todas as cores, uma explosão de cores. Ficas fascinada e ao mesmo tempo com vontade de as abraçar a todas.
Formam à tua frente uma enorme nuvem cheia de cores. Não resistes, mergulhas para dentro dela. Começas a nadar na nuvem de borboletas, vais ao fundo, voltas, nadas de costas, ficas a boiar, dás meia volta e vais outra vez ao fundo. Continuas assim enquanto as borboletas te levam para longe da montanha com aspecto de gelado de morango. Vês o sol, vês a lua, voltas a ver o sol, agora vês a lua a juntar-se ao sol e a dançar com ele. Sorris. Continuas a nadar. Enquando nadas vais soltando umas gargalhadas, vais rindo e sorrindo de alegria.
Enquabto vais mergulhando, rindo e dançando. começas a ouvir ao fundo uma flauta a tocar, toca só para ti.
As borboletas aproxima-se e vês um rapazinho com roupas engraçadas.
- Hamelin, eita! dizes tu muito espantada.
- Sim K, tive que te encantar para aqui, já que tendo tu a felicidade, porque a procuras?
Talvez pela pergunta ou pela presença do rapaz de hamelin com as roupas engraçadas, baixaste a cabeça e coraste.
- K. disse ele, mostra-me as tuas pequenas mãos de canela. Deste-lhe as mãos e o rapaz de hamelin colocou-as nos teus pés. - Apalpa e sente a felicidade detro de ti.
Apalpaste os pés, depois subiste para as pernas, joelhos e finalmente coxas. De seguida passaste as mãos pelo cabelo partido da raiz para as pontas, sentiste-os no ar. colocaste as duas mãos na tua cara, pescoço, cruzaste-as para os ombros e percorreste os braços. Voltaste a tocar na cara, percorreste os lábios, pescoço, seios e chegaste ao ventre. Aí paraste. O teu sorriso reluzia ouro, saíam flores pela tua boca ao respirar. Ficaste com as mãos aí no ventre. Sentiste-te feliz, por dentro e por fora.
O rapaz de hamelin disse-te baixinho, a felicidade não está nos objectos, no que é bonito ou feio, não está nas outras pessoas. Isso é tudo parte da nossa vida, deixa-nos alegres ou tristes, mas são apenas momentos, distrações, coisas que nos fazem sorrir ou aborrecer. Influênciam-nos, mas nunca podem ser demasiado grandes para nos roubar a felicidade.
Como podes sentir, a felicidade está em ti e dentro de ti.
Dizendo isto o rapaz de hamelin afastou-se tocando a sua flauta enquanto ao som da melodia alguem sentia dentro de si. Era a verdadeira felicidade, estava bem lá dentro, e cada vez maior.
Nobody's fault but mine died @ 9/20/2006 09:51:00 da tarde
4 Stairway to Heaven:
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