8.3.06
Felizmente Mitsukawa não sabe Kung Fu… felizmente
Fora o poder, tudo é ilusão
Vladimir Ilie Ulianov (Lénin)


São 6:45 da manhã, hora de acordar; levantar; ir à casa de banho… a rotina habitual.
[Mitsukawa cumpre o seu ritual matinal]
Cara lavada com água fria, gema de ovo e brilhantina no cabelo e perfume “Tabu” nos peitorais para impressionar as damas mais sensíveis a estas fragrâncias. Pronto para mais um dia de trabalho.
É tempo de sair para apanhar o eléctrico apinhado de pessoas cinzentas com aspecto de zombies mal acordados. Como é norma lá terá que se fazer a viagem de pé, desta vez nem uma mulher jeitosa para se deitar o olho, ou algo mais.
[Mitsukawa ainda está sonolento e andar encostado ao cu dos transeuntes não desperta grandes vivências]
Hora de fazer massa e assentar tijolo, o progresso não se coaduna com saudosismos, deitar abaixo o que está velho e avançar com as grandes obras, o cimento dita lei e os grandes edifícios tem que ser construídos por alguém.
[Mitsukawa transpôs rotineiro de trabalho, sem alaridos ou emoções. É afinal uma rotina demasiado corrente para alguma convalescença sentimental]
De regresso ao eléctrico não se pode deixar de reparar numa mulher sentada na segunda fila de cadeiras, cabelo loiro, camisa roxa e mini-saia com padrões de pele de leopardo. Mas quem é aquela mulher?
A mulher vai sair agora na paragem do tasco do Tónio Melancias. É melhor sair também, se o isco não morder, ao menos bebe-se um copo.
Por entre o serpenteado das beatas á janela e dos amoladores e tanoeiros amontoados na berma d passeio, lá vai ela a dar ao rabo como se nada à sua volta existisse.
- O flor, tudo bem contigo?
Nem resposta deu, que raio, como é possivel nem ligar. Desta vez tem que ser mais directo
- Ó morcona, queres que te coma o sufixo?
O saldo ficou por um estalo. Mas para resistir assim, obviamente tinha que ser freira.
Para não se perder tudo, o melhor é ir beber um copo à tasca do Tónio Melancias.
Sai duas sandes de coiratos e um quartilho de tinto para o balcão. O Ramom olha com um ar estranho. Na verdade o Ramom tem sempre m olhar estranho, com os olhos roxos e estrabicos e o focinho cheio dos restos da feijoada, provovam sempre um olhar estranho. o pelo verde e castanho às manchas, o ladrar forte e rouco e os ataques esquizofrénicos também não o favorecem muito.
O ceguinho Americo Boavista que estava entretido a jogar cartas pede para que se ligue a radiofonia por estar na hora das noticías. Mal o Tónio Melências roda três vezes o botão e dá dois pontapés no intervalo das voltas, a radiofonia começa a trabalhar em perfeitas condiçõs. Nesse instante, o Ramom esbugalha os olhos, dá um salto mortal para trás, vira-se e vai a andar ao pé-coxinho até bater contra a parede, muito depressa salta para cima de uma cadeira e mergulha de focinho no chão. Não satisfeito dá um salto mortal com uma pireuta e zás, morde a coxa de quem não devia.
O Berto Trancoso perguntou logo - O Mitsukawa ficou bem ao menos? mas ficou sem resposta.
O Tónio Melancia disse logo - Vais ter que ir ao ao Dr. Marcolino Travassos.
O Américo facadas rematou logo - É melhor não, mais vale ficar manco para sempre do que lhe cortarem uma perna.
Mas o Tónio Melancia num tom reprovativo pôs logo termo á discussão do alto da sua sapiência - Mas tem algum jeito andar a mancar toda a vida. Vai é já ao Dr. Marcolino Travassos tirar a perna.

[To be continued]
Nobody's fault but mine died @ 3/08/2006 07:22:00 da tarde
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